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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A cyber traição

A Traição Virtual

Como as redes sociais, os serviços de trocas de mensagens e os sites especializados estão sendo usados pelos brasileiros em busca de casos extraconjugais

Circular pelas redes sociais em busca de perfis atrativos – para traição ou não – é uma tendência. Uma pesquisa da Universidade de Manchester, no Reino Unido, com mais de três mil pessoas mostrou que essa espécie de footing do novo milênio já é responsável por formar um a cada cinco casais (...)

Rastros deixados sem querer são o principal risco incutido no binômio infidelidade e redes sociais. Nos sites de traição para casados, há uma série de cuidados sugeridos aos usuários para evitar o chamado “batom virtual”. Mas é difícil estar atento todo o tempo. Sinais de cybertraição foram citados como razão para um terço das cinco mil separações analisadas em uma pesquisa feita no Reino Unido em 2011. E o vilão do estudo é o Facebook. “Traição virtual é um motivo cada vez mais recorrente para a separação”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Direito da Família, o advogado Rodrigo Cunha Pereira. No Brasil, desde a alteração na lei do divórcio, não é preciso apresentar razão para se separar. Mesmo assim, muita gente busca a justificativa para não precisar pagar a pensão – e recorre a provas colhidas no mundo digital (...)

Se por um lado crescem os casos de infidelidade virtual, por outro aumentam a desconfiança e o policiamento dos hábitos da vida do parceiro na internet. Com um agravante: as redes sociais superam em muito a capacidade do mundo real de tornar públicas as intrigas e afins, potencializando o ciúme e a insegurança. Foi essa a conclusão de um grupo de pesquisadores canadenses ao expor 308 jovens entre 18 e 24 anos à página azul do Facebook. Quanto mais tempo eles passavam conectados, mais ciumentos ficavam – independentemente de terem ou não personalidades ciumentas. “O Facebook nos permite acessar muito mais informações sobre nosso parceiro do que tínhamos anteriormente e isso está criando novos desafios aos relacionamentos”, disse à ISTOÉ um dos responsáveis pelo estudo, o psicólogo Amy Muise, da Universidade de Toronto, no Canadá (...)


Tanta vigilância, porém, pode transformar coisas pequenas em grandes problemas. Afinal, alguma demonstração de carinho com a ex-namorada, a proximidade afetiva com a colega de trabalho, tudo isso está ali, na nossa frente, aberto a interpretações. “Ainda é comum a falsa ideia de a pessoa com quem nos relacionamos ser propriedade nossa”, diz Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O resultado é que nem sempre essa overdose de informações suscita boas reações no parceiro. Alguns chegam ao extremo de passar a consumir compulsivamente tudo o que está disponível sobre o marido ou namorado na internet – no que ficou popularmente conhecido como comportamento stalker (em inglês, pessoa que segue ilegalmente alguém) (...)

Assim, do mesmo modo como os traidores ganharam suas ferramentas, o contra-ataque à infidelidade vai, aos poucos, tomando forma. Há um batalhão de detetives virtuais, contratáveis pela própria internet. Eles quebram senhas de e-mails e de perfis em redes sociais para registrar movimentações suspeitas pela rede – tudo isso por um preço que varia entre R$ 500 e R$ 1000. No próprio Facebook, uma página em inglês que se propõe a reunir “mulheres contra a traição” é “curtida” por quase 600 pessoas. No Brasil, o site traída.net reúne histórias e dá dicas para mulheres que suspeitam ou têm certeza de que seus maridos estão vivendo um romance fora do casamento. O que prova que, em tempos de relacionamentos pela internet, ainda não há antivírus que vacine contra a traição.

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